Laboratório da UFSC apoia criação de box de produtos orgânicos no Ceasa

03/02/2013 16:25

A região da grande Florianópolis ganhará nos próximos meses um box de produtos orgânicos de procedência da agricultura familiar, que funcionará nas Centrais de Abastecimento do Estado de Santa Catarina (Ceasa) de São José (SC). A iniciativa pioneira é do Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar (Lacaf) da UFSC em parceria com o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro). Depois de dois anos pleiteando o espaço, a entrega das chaves do box 721 aconteceu na sexta-feira, 21 de dezembro, no auditório da Ceasa. O presidente da entidade, Felício Francisco Silveira, deu as boas vindas ao grupo, que esteve representado por 26 participantes, entre agricultores, pesquisadores e membros de entidades de apoio.

“O objetivo do box é aumentar a renda dos agricultores e reduzir o custo de produtos orgânicos para os consumidores”, explica o professor Oscar José Rover, coordenador do Lacaf/UFSC. O box de 75m² localiza-se no Pavilhão de Agricultura Familiar. A previsão é de abrir as portas a partir de fevereiro de 2013.

Para iniciar as atividades, o grupo terá um aporte do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que irá financiar um projeto de custeio para comercialização de produtos em transição de fumicultores de Santa Catarina. O projeto visa apoiar as famílias que queiram deixar a produção de tabaco e passar a produzir orgânicos. Hoje no Estado 50 mil famílias trabalham na fumicultura. O MDA destinou R$100 mil ao projeto, que já estão depositados na conta da UFSC e que servirão para o pagamento dos custos de manutenção do box para os primeiros 12 meses, tais como tarifa de uso, taxas de condomínio e remuneração de um gerente operacional, entre outros.

De imediato o box não irá comercializar os produtos, funcionando como um entreposto que terá como objetivo facilitar a distribuição de orgânicos e também de agricultura em transição. Dessa forma, os produtos que chegarem ao box já estarão previamente vendidos. O grupo quer definir formas de racionalizar as entregas em áreas de grande tráfego de veículos, como o centro de Florianópolis. Outra iniciativa será a troca de cargas, em que agricultores de uma região poderão trazer seus alimentos e, na mesma viagem, levar produtos de regiões diferentes. É uma forma de ampliar o leque de opções de orgânicos nos locais de origem.

Para gestão do box, as entidades estão organizadas em uma assembleia geral. Do grande grupo foi definida uma equipe de coordenação, com representantes do Lacaf, Cepagro, dos grupos de Garopaba, São Bonifácio, Grande Região Sul e Joinville. “Este será o primeiro box dentro da Ceasa a funcionar dentro de um modelo cooperativo, reunindo organizações de agricultores de todo o estado, além de participantes do Paraná, Rio Grande do Sul e região sul do Estado de São Paulo”, explica o professor Oscar.

Entre as entidades participantes do box de orgânicos na Ceasa estão o Lacaf-UFSC, o Cepagro, a Rede Ecovida, Cooperativa Ecoserra (Região Serrana), Centro Vianei de Lages, Acevam/Coopervida de Praia Grande, Coopertrento de Nova Trento, Cooperfamília de Rio Fortuna, Cemear do Alto Vale Itajaí, Ascooper do Oeste Catarinense, Coopejar de Jaraguá do Sul, grupos de Garopaba, Paulo Lopes, São Bonifácio, Angelina, Rancho Queimado, Imbuia, Leoberto Leal, Compras Coletivas de Florianópolis, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/SC) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA/SC). Também participam organizações e produtores de Araquari, Joinville, Brusque, São José, Treze de Maio, Águas Frias. O contrato com a Ceasa vai até 31 de outubro de 2022 e foi assinado pelo coordenador da Cepagro, Charles Onassis Peres Lamb.

O Lacaf atuará também como entidade de apoio, prestando assessoria na organização do grupo, no levantamento de dados, nos processos de comercialização e na execução de estudos para evitar que as entidades parceiras possam ser concorrentes dentro do grupo. O laboratório conta com a participação de oito estudantes de graduação e pós-graduação da UFSC.

Ceasa de São José (SC), que contará com o box de produtos                              O box de 75m² localiza-se no Pavilhão de Agricultura
                 orgânicos de origem da agricultura familiar                                       Familiar do Ceasa. A previsão de abertura é em Fev 2013.

Lacaf_Ceasa_box_dtq                                                                                         O professor Oscar Rover faz um balanço dos dois anos de mobilização para conseguir um espaço junto à Ceasa de São José

O professor Oscar Rover faz um balanço dos dois anos de mobilização para conseguir um espaço junto à Ceasa de São José

 

Professor Oscar Rover, coordenador do Cepagro Charles Lamb, agricultora Leana Büettgen, agricultor Wendelin Bihr e o presidente da Ceasa, Felício Francisco Silveira                                                                                         Representantes das entidades vão definir como o box irá funcionar. Fotos: Laura Tuyama / Agecom/UFSC

Professor Oscar Rover, coordenador do Cepagro Charles Lamb,                    Representantes das entidades vão definir como o box irá

agricultora Leana Büettgen, agricultor Wendelin Bihr e o                                                                             funcionar.

presidente da Ceasa, Felício Francisco Silveira

 

Fotos: Laura Tuyama / Agecom/UFSC

Mais informações:

Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar (Lacaf) da UFSC
– Coordenador: Professor Oscar José Rover: Esta imagem contém um endereço de e-mail. É uma imagem de modo que spam não pode colher.
– Site: http://lacaf.paginas.ufsc.br/

Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo – Cepagro
– Assessoria de Comunicação – Fernando Angeoletto: Esta imagem contém um endereço de e-mail. É uma imagem de modo que spam não pode colher.
– Site: http://www.cepagro.org.br/

Veja também:
Box para produtos agroecológicos no Ceasa/SC: uma conquista da agricultura familiar catarinense


Fonte: Laura Tuyama / Jornalista da Agecom / UFSC

III Workshop sobre Circuitos Curtos de Comercialização de Alimentos

19/11/2012 21:12

Dia 14/11/2012  aconteceu o III Workshop sobre Circuitos Curtos de Comercialização de Alimentos nas dependências do CCA/UFSC, organizado pelo Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar (LACAF) em parceria com a FURB, a UDESC e a Associação Acolhida na Colônia.
Na ocasião ocorreu a palestra de Claire Lamine, pesquisadora do INRA da França, com o tema “Sistema agroalimentar e circuitos curtos de comercialização na França”. A seguir foi lançado o livro “Conexão ecológica” de Moacir Darolt, do IAPAR do Paraná.
Após a palestra, os presentes avançaram na discussão para formação de uma rede interinstitucional de pesquisa, intercâmbio e intervenção social sobre o tema dos circuitos curtos de comercialização de alimentos Esta rede vem sendo construída desde o primeiro workshop sobre o tema, realizado na UDESC em Florianópolis.
O LACAF participa desta articulação desde o primeiro workshop e está envolvido na coordenação para efetivação da rede interinstitucional de pesquisa, intercâmbio e intervenção social sobre o tema dos circuitos curtos de comercialização de alimentos.

Nova modalidade do PAA permite abastecer presídios e restaurantes universitários

01/10/2012 18:20

Resolução autoriza que estados, municípios e outros órgãos do governo federal façam aquisição direta de produtos da agricultura familiar, nos mesmos moldes do programa executado atualmente por MDS, MDA e Conab

Brasília, 27 – Os agricultores familiares vão poder ampliar o mercado de comercialização de seus produtos. Cada família poderá vender até R$ 8 mil para estados, municípios e outros órgãos do governo federal, além do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso será possível com a modalidade Compras Institucionais do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), prevista no Decreto nº 7.775/2012, que entrou em vigor nessa quinta-feira (27), com a publicação daResolução 50/2012 no Diário Oficial da União.As compras institucionais serão permitidas para quem fornece refeições regularmente, como presídios, restaurantes universitários, hospitais e quartéis, entre outras instituições federais, estaduais e municipais. A aquisição dos produtos poderá ser feita por meio de chamadas específicas para tal modalidade, com dispensa de licitação, nos moldes do PAA, sem necessidade de qualquer formalidade de adesão ou convênio com o governo federal. A resolução é do Grupo Gestor do PAA, coordenado pelo MDS em parceria com o MDA.

Mais renda – A secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Maya Takagi, diz que o benefício da medida é a ampliação de mercado para os agricultores. “Além dos recursos que o MDS e o MDA investem no PAA (R$ 1,3 bilhão para este ano), que representam o início desse processo de compra institucional, seguido pela aplicação de pelo menos 30% dos recursos da alimentação escolar na agricultura familiar, agora uma terceira fonte de receita se soma a esse conjunto de iniciativas, para programas de alimentação de estados e municípios, geridos com recursos próprios”, explica a secretária. Segundo Maya, o outro benefício é propiciar que a população tenha acesso a uma alimentação mais diversificada e de origem local.

A renda dos produtores poderá aumentar em até R$ 8 mil por ano, mesmo que eles já comercializem em outras modalidades do PAA. Assim, se um agricultor comercializa hoje R$ 8 mil anuais na modalidade PAA Leite (valor máximo para essa modalidade), ele poderá vender mais R$ 8 mil para a prefeitura, por exemplo. Além desses, os limites anuais no PAA são: R$ 4,5 mil/ano na modalidade Compra com Doação Simultânea; e R$ 8 mil/ano na modalidade Compra Direta; R$ 8 mil/ano na modalidade Apoio à Formação de Estoques. Para entender mais sobre o PAA, acesse aqui.

Mercado – Para a diretora do Departamento de Apoio à Aquisição e à Comercialização da Produção Familiar do MDS, Denise Reif Kroeff, o crescimento do mercado vai se refletir também na economia local. “As prefeituras dos pequenos municípios, que são eminentemente rurais, vão poder comprar dos agricultores da sua própria cidade e isso vai fazer a moeda circular dentro do município.” Além de valorizar hábitos regionais de alimentação, os produtos serão mais saudáveis e diversificados, por virem da agricultura familiar, de povos e comunidades tradicionais, quilombolas ou indígenas, destaca a diretora.

O diretor de Geração de Renda do MDA, Arnoldo de Campos, lembra que municípios e estados, com recursos próprios para aquisição de alimentos, poderão comprar da agricultura familiar até mesmo o cafezinho do dia a dia. “São recursos novos, dos entes federados, dos órgãos que ainda não os usavam para comprar da agricultura familiar e recorriam apenas às regras da Lei 8.666 (que rege licitações e contratos).”
 
Quem vende – Os fornecedores dos produtos serão agricultores familiares, assentados da reforma agrária, silvicultores, aquicultores, extrativistas, pescadores artesanais, comunidades indígenas, remanescentes de quilombos rurais e demais povos e comunidades tradicionais. Também poderão participar da modalidade as organizações fornecedoras como cooperativas e outras organizações formalmente constituídas.

Para as compras institucionais, os entes federados precisarão atender algumas exigências: os preços deverão ser compatíveis com o mercado local ou regional (conforme estabelece a resolução); respeitar o valor máximo anual para aquisição dos alimentos, que é de R$ 8 mil por unidade familiar; e os alimentos adquiridos deverão ser de produção própria dos fornecedores e cumprir os requisitos de controle de qualidade dispostos nas normas vigentes.

Ascom/MDS
(61) 3433-1021
http://www.mds.gov.br/saladeimprensa